ESTACIOAMENTO.
Quando morei no Rio, anos
60, o fusca dominava as ruas da cidade.
Era o mais querido e
preferido pela moçada. Botinha sem meia, calça jeans e blusa vermelha compunham
o uniforme dos proprietários, claro que tinham as exceções dos mais velhos e
comportados cidadãos que com dificuldade adquiriam seus carrinhos.
Era tão simpático o fusca
que o Jorge Bem Jó compôs uma música o incluindo: ...” tenho um fusca e um
violão/sou Flamengo tenho uma nega chamada Tereza...”.
Com tanta propaganda a
moda me pegou.
Grana curta tive que
fazer umas estrepolias, tomei dinheiro emprestado, trabalhei fazendo horas
extras no Banco e adquiri um fusquinha usado que virou meu xodó. Coloquei dois
faróis de milha um sonzinho e fui em frente, rindo de orelha a orelha achando
que estava num Porsche.
Já naquela época começava
a dificuldade de se encontrar vaga e os estacionamentos, praticamente não
existiam.
Uma noite cheguei do
trabalho no fusquinha e encontrei uma vaga exprimida em frente ao prédio dos
Jornalistas onde eu morava. Era hábito nas vagas de ruas, deixar os carros com
a direção reta e os freios de mãos abaixados ficando os carros soltos para
facilitar a manobra dos usuários. Somente os que ficavam no fim e no começo da
fila é que puxavam os freios.
Muito democrático!
Numa atitude muito egoísta,
consegui enfiar o fusquinha naquela vaga diminuta não deixando espaço para quem
fosse sair poder manobrar.
Entrei no bar do Seu Antônio,
português boa praça, lhe pedi uma bebida, quando entra um homem branco, vermelho
de ódio estampado no seu rosto, se dirigiu a mim e perguntou de quem era aquele
fusca que o imprensou na vaga?
O homem estava possesso.
Tive medo!
Pensei comigo: Qualquer
atitude em falso corro o risco de levar um tiro no peito e morrer por causa de
uma vaga. Poderia ter tirado meu carro
para ele sair, pois era mais velho. Fiquei na minha, fiz cara de paisagem e
ouvido de mercador saí de fininho.
Depois de várias manobras
o homem foi embora cuspindo maribondos.
Superado aquele momento
de tensão, sentei- numa mesinha de ferro do boteco e relaxei tomando uma boa
cerveja com uma guiazinha de Pitu.
“Mas vale um covarde vivo
do que um herói morto!”
22/06/2024
Pedro Parente
ESTACIOAMENTO.
Quando morei no Rio, anos
60, o fusca dominava as ruas da cidade.
Era o mais querido e
preferido pela moçada. Botinha sem meia, calça jeans e blusa vermelha compunham
o uniforme dos proprietários, claro que tinham as exceções dos mais velhos e
comportados cidadãos que com dificuldade adquiriam seus carrinhos.
Era tão simpático o fusca
que o Jorge Bem Jó compôs uma música o incluindo: ...” tenho um fusca e um
violão/sou Flamengo tenho uma nega chamada Tereza...”.
Com tanta propaganda a
moda me pegou.
Grana curta tive que
fazer umas estrepolias, tomei dinheiro emprestado, trabalhei fazendo horas
extras no Banco e adquiri um fusquinha usado que virou meu xodó. Coloquei dois
faróis de milha um sonzinho e fui em frente, rindo de orelha a orelha achando
que estava num Porsche.
Já naquela época começava
a dificuldade de se encontrar vaga e os estacionamentos, praticamente não
existiam.
Uma noite cheguei do
trabalho no fusquinha e encontrei uma vaga exprimida em frente ao prédio dos
Jornalistas onde eu morava. Era hábito nas vagas de ruas, deixar os carros com
a direção reta e os freios de mãos abaixados ficando os carros soltos para
facilitar a manobra dos usuários. Somente os que ficavam no fim e no começo da
fila é que puxavam os freios.
Muito democrático!
Numa atitude muito egoísta,
consegui enfiar o fusquinha naquela vaga diminuta não deixando espaço para quem
fosse sair poder manobrar.
Entrei no bar do Seu Antônio,
português boa praça, lhe pedi uma bebida, quando entra um homem branco, vermelho
de ódio estampado no seu rosto, se dirigiu a mim e perguntou de quem era aquele
fusca que o imprensou na vaga?
O homem estava possesso.
Tive medo!
Pensei comigo: Qualquer
atitude em falso corro o risco de levar um tiro no peito e morrer por causa de
uma vaga. Poderia ter tirado meu carro
para ele sair, pois era mais velho. Fiquei na minha, fiz cara de paisagem e
ouvido de mercador saí de fininho.
Depois de várias manobras
o homem foi embora cuspindo maribondos.
Superado aquele momento
de tensão, sentei- numa mesinha de ferro do boteco e relaxei tomando uma boa
cerveja com uma guiazinha de Pitu.
“Mas vale um covarde vivo
do que um herói morto!”
22/06/2024
Pedro Parente
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