sábado, 22 de junho de 2024

ESTACIONAMENTO

 

ESTACIOAMENTO.

Quando morei no Rio, anos 60, o fusca dominava as ruas da cidade.

Era o mais querido e preferido pela moçada. Botinha sem meia, calça jeans e blusa vermelha compunham o uniforme dos proprietários, claro que tinham as exceções dos mais velhos e comportados cidadãos que com dificuldade adquiriam seus carrinhos.

Era tão simpático o fusca que o Jorge Bem Jó compôs uma música o incluindo: ...” tenho um fusca e um violão/sou Flamengo tenho uma nega chamada Tereza...”.

Com tanta propaganda a moda me pegou.

Grana curta tive que fazer umas estrepolias, tomei dinheiro emprestado, trabalhei fazendo horas extras no Banco e adquiri um fusquinha usado que virou meu xodó. Coloquei dois faróis de milha um sonzinho e fui em frente, rindo de orelha a orelha achando que estava num Porsche.

Já naquela época começava a dificuldade de se encontrar vaga e os estacionamentos, praticamente não existiam.

Uma noite cheguei do trabalho no fusquinha e encontrei uma vaga exprimida em frente ao prédio dos Jornalistas onde eu morava. Era hábito nas vagas de ruas, deixar os carros com a direção reta e os freios de mãos abaixados ficando os carros soltos para facilitar a manobra dos usuários. Somente os que ficavam no fim e no começo da fila é que puxavam os freios.

Muito democrático!

Numa atitude muito egoísta, consegui enfiar o fusquinha naquela vaga diminuta não deixando espaço para quem fosse sair poder manobrar.

Entrei no bar do Seu Antônio, português boa praça, lhe pedi uma bebida, quando entra um homem branco, vermelho de ódio estampado no seu rosto, se dirigiu a mim e perguntou de quem era aquele fusca que o imprensou na vaga?

O homem estava possesso. Tive medo!

Pensei comigo: Qualquer atitude em falso corro o risco de levar um tiro no peito e morrer por causa de uma vaga.  Poderia ter tirado meu carro para ele sair, pois era mais velho. Fiquei na minha, fiz cara de paisagem e ouvido de mercador saí de fininho.

Depois de várias manobras o homem foi embora cuspindo maribondos.

Superado aquele momento de tensão, sentei- numa mesinha de ferro do boteco e relaxei tomando uma boa cerveja com uma guiazinha de Pitu.

“Mas vale um covarde vivo do que um herói morto!”

22/06/2024

Pedro Parente

ESTACIOAMENTO.

Quando morei no Rio, anos 60, o fusca dominava as ruas da cidade.

Era o mais querido e preferido pela moçada. Botinha sem meia, calça jeans e blusa vermelha compunham o uniforme dos proprietários, claro que tinham as exceções dos mais velhos e comportados cidadãos que com dificuldade adquiriam seus carrinhos.

Era tão simpático o fusca que o Jorge Bem Jó compôs uma música o incluindo: ...” tenho um fusca e um violão/sou Flamengo tenho uma nega chamada Tereza...”.

Com tanta propaganda a moda me pegou.

Grana curta tive que fazer umas estrepolias, tomei dinheiro emprestado, trabalhei fazendo horas extras no Banco e adquiri um fusquinha usado que virou meu xodó. Coloquei dois faróis de milha um sonzinho e fui em frente, rindo de orelha a orelha achando que estava num Porsche.

Já naquela época começava a dificuldade de se encontrar vaga e os estacionamentos, praticamente não existiam.

Uma noite cheguei do trabalho no fusquinha e encontrei uma vaga exprimida em frente ao prédio dos Jornalistas onde eu morava. Era hábito nas vagas de ruas, deixar os carros com a direção reta e os freios de mãos abaixados ficando os carros soltos para facilitar a manobra dos usuários. Somente os que ficavam no fim e no começo da fila é que puxavam os freios.

Muito democrático!

Numa atitude muito egoísta, consegui enfiar o fusquinha naquela vaga diminuta não deixando espaço para quem fosse sair poder manobrar.

Entrei no bar do Seu Antônio, português boa praça, lhe pedi uma bebida, quando entra um homem branco, vermelho de ódio estampado no seu rosto, se dirigiu a mim e perguntou de quem era aquele fusca que o imprensou na vaga?

O homem estava possesso. Tive medo!

Pensei comigo: Qualquer atitude em falso corro o risco de levar um tiro no peito e morrer por causa de uma vaga.  Poderia ter tirado meu carro para ele sair, pois era mais velho. Fiquei na minha, fiz cara de paisagem e ouvido de mercador saí de fininho.

Depois de várias manobras o homem foi embora cuspindo maribondos.

Superado aquele momento de tensão, sentei- numa mesinha de ferro do boteco e relaxei tomando uma boa cerveja com uma guiazinha de Pitu.

“Mas vale um covarde vivo do que um herói morto!”

22/06/2024

Pedro Parente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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