segunda-feira, 24 de junho de 2024

TALENTO MUSICAL

 TALENTO MUSICAL

Outrora, quando o Rio ainda era a Capital do Brasil, o mundo era outro, ainda campeava uma certa inocência entre as pessoas. 

Dificuldades para ganhar o pão sempre existiu e as pessoas usavam de seu talento e criatividade para superá-las.

Nessa lida diária tendo que “matar um leão por dia” os mais prejudicados, como sempre, são os mais pobres, normalmente moradores do morro que por estarem mais perto do céu parece um incentivo à poesia.

Nesse ambiente os talentos do morro se reuniam e produziam músicas que eram verdadeiras obras de arte onde o samba era preponderante.

Era comum as parcerias entre amigos na composição das músicas, mas o problema estava na divulgação feita somente através das Rádios AM e Ondas Curtas que tinham longo alcance. Ainda hoje a região amazônica é coberta pelo Rádio por motivos óbvios.

Pois bem os compositores dependiam de alguém que se interessasse por suas obras, para isso faziam fila na porta da Gravadora Odeon, na rua Visconde de Inhaúma no Centro a procura de um daqueles grandes intérpretes. 

Muitas obras eram escritas em “papel de pão.” Quando aparecia um cantor virava um tumulto terrível, todos com seus papéis em punho rodeavam aquele que poderia ser a tábua da salvação na defesa do “leite das crianças”.

Muitos compravam, colocavam seu próprio nome e recebiam os direitos autorais.

Contam que no morro da Mangueira haviam dois compositores e intérpretes famosos Cartola e Nelson Cavaquinho. 

Certo dia os dois se encontraram e o Cartola falou:

- Nelson tem um negão aí no morro dizendo que aquele samba que fizemos em parceria é dele, como é isso?

- Cartola meu amigo, a minha parte eu vendi!

Se abraçaram e foram tomar mais uma na baiuca. 

24/06/2024

Pedro Parente


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