LONGO
CAMINHO.
Nasci de famílias
oriundas da Europa e aqui se miscigenaram com outros europeus e nativos
descendentes dos donos das terras invadidas pelos “colonizadores”.
O patriarca do meu lado
materno é oriundo de Lisboa, Portugal. Hilário Pedro Barroso primo do Almirante
Barroso – Barão do Amazonas, comandante da Armada Imperial na Batalha de Riachuelo.
Tornou-se proprietário
de um imenso latifúndio no Pará tendo adquirido o titulo honorífico de Coronel
da Guarda Nacional que o tornava responsável pela segurança da área.
Na sua bagagem trouxe a
pecha de escravagista, prática comum à época.
No alto rio Guamá, estabeleceu-se
criando o sítio de nome Canta Galo.
Ali desenvolveu o
extrativismo e agricultura. Havia um pequeno armazém com gêneros de primeiras necessidades
para atender aos colonos, pois os escravos eram administrados por ele.
Pobres almas!
Arrancados da terra
natal, onde desfrutavam da liberdade de ir e vir pelas terras longínquas da
África. Amarrados pelo pescoço como animais selvagens eram postos ao trabalho
em condições desumanas. Se fizessem algo que desagradasse o patrão eram presos a
um instrumento de tortura chamado tronco onde
eram açoitados com cordas, rebenque ou barra de ferro, alguns até à morte,
talvez por ter comido uma fruta do quintal.
Construiu um sobrado na
cidade de Belém, no Largo da Sé o qual dava os fundos para a baía de Guajará.
Ali atracava seu barco a motor chamado Leopoldina que fazia o transporte das
mercadorias vindas do Canta Galo.
Demorei a me livrar
dessa herança burguesa. Dessa maneira egoísta de olhar limitado só percebendo
aquilo que me interessava e fazia bem.
Aos outros? A
indiferença!
Quando saí de casa aos
dezenove anos, com uma sacola de mão trazendo duas mudas de roupa e vestido com
o terno do meu pai, cheguei ao Rio de Janeiro.
Lembro-me que uma das
alças da sacola estava arrebentada.
Ainda com o rompante de
burguês elitista, passei a conviver numa camada mais baixa da sociedade e
comecei a entender o que é solidariedade e humildade.
Felizmente, há muito
custo, desvencilhei-me daqueles preconceitos idiotas e passei a aceitar o mundo
da forma que ele é.
“Só os tolos e mortos jamais
mudam de opinião”. (Russel)
No meu desiderato
espero que o bem prevaleça.
Que as injustiças sejam
reparadas.
Que as pessoas se
respeitem mais e olhem em sua volta.
Às vezes uma mão amiga,
um abraço sincero ameniza o sofrimento de um desesperado.
Esqueçamos os juros e a
ostentação. Para onde vamos nada disso tem significado.
Encontrei meus caminhos
junto aos humildes e menos aquinhoados pela sorte.
Dividiram meu país e
hoje o ódio corrompe muitos corações incautos.
Que seja breve!
20/05/2018
Pedro Parente
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