quarta-feira, 16 de maio de 2018

MEU BRASIL SANGRA.


MEU BRASIL SANGRA.


Decepcionado, assisto às vitórias sociais alcançadas em muitos anos de luta se transformar em derrotas contra a população indefesa.
Havíamos conseguido trazer nossa economia do medíocre 19º para o honroso 5º lugar no ranking mundial disputando pari passu com o Reino Unido.
Tempos felizes! Finalmente a camada mais carente da sociedade havia sido lembrada passando a fazer três refeições ao dia, o mínimo necessário para o cidadão viver com dignidade. Através de um simples cartão magnético, finalmente o dinheiro destinado ao pobre chegava às suas mãos, evitando dessa forma que fosse desviada por políticos inescrupulosos, prática existente há séculos chegando a ser chamada “indústria da seca”.
Os do norte que vieram para o sul ajudar a construir o Brasil faziam sua viagem de volta à terra natal a bordo de avião. O sertão virou mar com a transposição do Rio São Francisco beneficiando milhões de pessoas daquela região. Essa obra se arrastava desde o império e foi considerada uma das cinquenta mais importantes do mundo.
O Brasil tornou-se a 4ª indústria naval do mundo, pois a pesar de possuir 9.000 km de costa litorânea tínhamos apenas um estaleiro funcionando de maneira precária. Enquanto isso as plataformas e navios petroleiros eram fabricados em Singapura gerando empregos aos chineses. Veio fabricar em território brasileiro colocando nossa mão de obra praticamente a pleno emprego.
Nossas reservas monetárias se expandiram a US$380 bilhões fato raro. Poucos países têm reservas tão expressivas.
Seria monótono elencar tantos índices progressistas.
De repente, o Brasil é tomado por quadrilheiros da pior espécie. Sem um mínimo de patriotismo rasgaram e vilipendiaram sobre a Constituição Brasileira.
Vou-me embora! Não essa vil matéria que se arrasta claudicante, mas minha alma que levita. Vou para meu país. Um dentre tantos Brasis. Sou amazônida. Um país diferente. Vou buscar numa curva daqueles rios mansos, um remanso tranquilo em que possa me aninhar.
Lá não tem estradas, automóveis, motocicletas, barulho, progresso, luz elétrica e supermercado.
Não tem hospital, médico e nem farmácia. Os remédios vêm da selva. Somente os fortes sobrevivem.
Uma casinha de madeira, à frente o rio, ao fundo a floresta. Dali é tirada a fonte de energia para que se possa manter vivo.
No rio o peixe. Na floresta as frutas e as raízes de mandioca para fazer farinha.
Ali naquele Brasil travou-se o movimento mais sangrento contra a ocupação da coroa imperial. Chamou-se Cabanagem. Verdadeira carnificina. Chegaram a colocar um padre na boca de um canhão e disparar. A resistência foi heroica! O exemplo esquecido!
Infelizmente não existem mais cabanos. O povo assiste pacificamente ao desmonte e entrega do país aos gringos.
Alguns aplaudem!
16/05/2018
Pedro Parente

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