segunda-feira, 28 de maio de 2018

MAMÃE

MAMÃE.
Mais um ano sem ti.
No dia em que vim ao mundo, na minha imaginação, transporto-me para aquele momento e vejo minha querida mamãe.
Não era bela nem feia, nem rica nem pobre, era apenas a minha mãe. A mais bela a mais rica e a mais santa. A melhor.
A nossa será sempre a melhor, inigualável.
Posso ver sua serenidade e seu sorriso de anjo, sentir sua emoção de ter um filho.
Um filho saudável. Apenas, um filho.
O que eu terei representado para ela naquele momento? Sinto-me orgulhoso.
Qual dos dois era o mais feliz?
Por seu intermédio vi a luz pela primeira vez..
Que emoção terei sentido?
Após o parto, terão me colocado deitado junto ao seu coração para que me desse conta do compasso da vida. Certamente naquele momento seu coração pulsava forte de emoção por ter seu rebento, ali, em silêncio, num diálogo que somente os anjos escutaram.
Me vejo, mais tarde, com cabelos loiros cacheados, os braços roliços estendidos em sua direção a lhe pedir colo, sugar de seus seios o suco da vida, para em seguida com a cabeça apoiada em se ombro dormir o sono dos inocentes.
Alguns poucos anos a frente, com medo do escuro da noite, aproximava-me dela que cochilava, pedia-lhe que deixasse dormir agarrado à sua costa.
Muitas vezes me negava, obedecendo a determinação de psicólogos, pedagogos e outros mais, que não conhecem nada de coração de criança. Ou não tiveram mãe ou se esqueceram rapidamente concordando com seus compêndios.
Mas, mãe é sempre conivente com os filhos. Havia a noite que ela obedecendo a seu instinto, aquiescia e deixava que eu desfrutasse daquele doce regalo. Agarrado a ela dormia ao som das trombetas dos querubins e serafins. Ai eu achava até que existia Papai do Céu.
Nesse clima de paixão recíproca, fomos vivendo a vida. Não percebia que envelhecíamos.
Um dia levaram-na de mim.
Por que? Se eu a amava tanto! Não me consultaram e nem a ela, muito menos? Só porque eu queria dormir agarrado à ela? Só porque ela me amava? Eu não tinha fortuna, mas aquele era o meu tesouro.
Por que? Quantas perguntas sem resposta.
Não é justo!
Não entendo porque temos que pagar um preço tão alto por ter vindo ao mundo, se o que temos de mais precioso nos levam.
Mamãe, nunca te esqueci.
Nem que viva mil anos tua imagem jamais me sairá da retina. Fui feliz e me sinto muito mais feliz por ter te feito feliz.
Como Barrabás, aquele trocado por Cristo, o homem que não morria, apesar dos sofrimentos que lhe foram impostos eu também viveria mais cem anos miseráveis, sofrendo todo tipo de humilhação e covardia em troco de apenas poucos minutos em teu regaço.
Não desisti. Ainda te encontrarei.
Pedro Parente

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